29 de ago. de 2008

"As Blumenaus"

Fazia tempo que procurava me acostumar com a idéia de que essa necessidade tão evidente poderia ser considerada uma situação normal para uma cidade com mais de 200 mil habitantes, mas ainda não tinha conseguido até a manhã deste dia 29 de Agosto de 2008. Ao ver a capa do Jornal de Santa Catarina me veio uma luz e na coluna Mercado Aberto cheguei à conclusão. Hoje resido em duas cidades em uma só.
Após ler nota do jornalista Francisco Fresard, percebi que em uma Blumenau o número de médicos que trabalha no setor de saúde privada, corresponde ao dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Dado que coloca esta cidade como referência estadual em saúde.
Já na outra Blumenau tenho convivido com um cenário bem diferente. Na porta de vários postos de saúde nos bairros, o que encontrei em várias vezes foram folhas de oficio grudadas com recados escritos a caneta. A informação é quase sempre a mesma. “Estamos sem médico”. O motivo é que alternava um pouco, em algumas situações a alegação era doença do próprio médico, afastamentos e ainda as transferências sem reposição imediata.
Faz duas semanas passei por uma experiência que fez criar em mim a revolta que até então eu via somente nas pessoas que procuram o atendimento na rede pública e não conseguem com facilidade.
Estava com uma simples dor de garganta e queria a orientação de um médico. Fui ao posto de saúde do bairro onde eu moro e não tive sucesso. Procurei o Ambulatório Geral da Rua Itajaí e também não consegui.
Por sorte tenho um amigo médico que mora na outra Blumenau e por gratidão e gentileza me concedeu uns vinte minutos de seu trabalho. Em fim consegui a receita e fui atrás dos remédios que precisava. Esse meu amigo médico ainda me indicou um medicamento que pude comprar na farmácia popular e saiu por menos de dez reais. Pena que a maioria dos moradores não tem amigos médicos nessa maravilhosa Blumenau e também não tem passaporte para entrar nessa cidade que fica tão próxima de alguns e tão distantes de outros.